As vezes sinto como se vivesse num eterno ensaio geral para a grande estréia, onde tudo já esta milimetricamente ensaiado, todo o texto decorado, cenário pronto e aquele frio na barriga do "tá chegando a hora"... Mas a hora nunca chega! As vezes sinto como se estivesse preso num personagem que eu mesmo criei, e que me convenci de que assim sou... Que vivi tanto esse personagem que acabei acreditando na verdade dele e me deixei levar. E assim sendo, todo dia decoro o mesmo texto e sigo o mesmo ritual: demoro a por os pés fora da cama ao acordar, e quando enfim os coloco no chão, vou direto para o banho, pois não gosto da minha imagem refletida no espelho ao acordar, ligo o chuveiro e sempre deixo a rolar por alguns minutos, poucas vezes penso em alguma coisa nesse momento, e se penso, não deve ser nada de importante, pois nunca me recordo sobre o que pensava... Saio do banho, passo a mão no espelho embaçado pelo mormaço da água quente do chuveiro, e encaro o mesmo rosto t