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A escolha dele nunca fui eu.


Um dia eu me apaixonei. Então daí, depois de um tempo, algum envolvimento, beijo para cá, beijo para lá, percebi que tudo só existia na minha cabeça, tudo somente existia da minha parte e não tanto quanto eu gostaria da parte da outra pessoa. Devido aos meus pensamentos desesperadamente românticos e sonhadores, acreditei que conseguiria e me desgastei sofridamente durante meses na crença tola de que um dia o jogo viraria e aquela pessoa me amaria. Bom, se querem saber, isso não aconteceu.
A escolha dele nunca fui eu, e é engraçado como a vida me mostrou o que era pra ser. Mesmo que eu quisesse que fosse, e tendo acreditado que seria. E isso doeu, porque eu não sei o que ficou. Eu só preciso saber se eu errei em ter deixado isso sair um pouco do controle, em vez de ter me sufocado com cada sentimento. Meu amor floresceu, meu bem, mas não havia ele para colher, e mesmo assim eu esperei. Mesmo assim eu o quis de uma forma como eu não quis mais ninguém. E eu quis lhe dizer isso também, mas sabe… Eu deixei para lá. Eu também não sei se um dia ele chegou ou vai chegar a me amar. Acho que eu estaria contente o suficiente se ele pudesse gostar, não dessa forma que talvez até ache que gosta...
Eu sinto que a gente ainda vai se esbarrar por aí, mas vamos acabar seguindo caminhos diferentes de novo. Mas talvez essa sensação seja apenas mais uma da coisas que eu quero enxergar mas que na verdade só existem para mim.
Lembro do quanto me doeu vê-lo chegar, chorar, e se desculpar pela dor que me fez passar. Dizer que ainda era eu, que o tempo passou, mas era eu. Lembro de fazer cafuné enquanto chorava ouvindo ele chorar. Lembro que nesse dia, o beijo de despedida já não foi mais o mesmo, que o meu coração já não disparava na mesma velocidade que antes. Que tinha cansado depois de tê-lo machucado tanto. Ouvi-o se desculpar, acreditava nele, mas o meu coração dizia que não dava para acelerar outra vez. Segui meu rumo ainda sentindo que não foi o fim definitivo. Que – de alguma forma – a vida ia encontrar um jeito de trazê-lo para mais uma visita. E não demorou. Lembro de ter tido um dia que vou guardar para sempre. A gente sentia que não teria mais nenhuma chance depois, essa seria a última que a vida daria para nós dois. E ele disse que queria muito que tivesse dado certo.
Hoje, enquanto escrevo, tento me lembrar de como foi e de como me senti quando tudo aconteceu. Porque embora eu ainda me importe com ele, eu sei que seguiu seu caminho e (re)encontrou alguém nele. Alguém que decidiu (re)dividir a vida. Alguém que achou ser a pessoa certa para (re)dividir essa nova velha caminhada, que agora sei que ele nunca quis que fosse diferente.
Por isso eu resolvi deixá-lo ir. Quando as pessoas entram em uma relação a dois, sempre vai ter alguém que se adiante, que pense lá na frente e, quem sabe, que se esqueça de viver muito bem aqui no presente. Só que não foi o que aconteceu com a gente. Eu poderia te me acostumado, sim, eu poderia. Eu poderia esconder com a blusa as cicatrizes e as pequenas feridas, mas no fundo não seria eu. Eu não conseguiria. Eu não vou transformar isso aqui num clichê apaixonado, mas tudo o que eu queria ter visto e vivido foi por um motivo tolo cortado. Não foi o jeito confuso e bagunçado dele, foi por, de repente, eu saber que ele não conseguiria enxergar o que estava ao seu lado. Eu sei que isso é um saco. Ouvir essa história toda de acertos e fiascos não faz mais diferença agora, sabe? Resolvi deixá-lo ir. Não, em nenhum momento eu o prendi. Ele sempre esteve livre e isso foi o mais bonito pra mim. A gente esteve até onde pôde se fazer feliz. Porém, chega um momento em que as diferenças colidem e a gente desiste. Ele não foi a pior pessoa que já me cruzou no caminho. Está longe de ser. Aprendi a solidificar algumas bases que eu acabei por esquecer, mas sabe do que mais? Eu me surpreendi por ver uma nova forma de agir como eu nunca agi. Por ter tido respeito por ele e por tudo que eu fiz.  Me desculpe te tirar da sua zona de conforto, mas a gente sempre acha que é muita coisa até alguém nos tirar da nossa bolha e nos mostrar o quanto estamos errados. Bem, foi o que eu percebi. Eu vou superar. Eu sei que vou. Mesmo que eu perca momentaneamente as esperanças, uma pequena decepção nunca me matou. 
A porta da minha vida fica sempre aberta. E, assim, só permanece quem quer muito ficar. Entra quem demonstra interesse e sai quem não se sente mais à vontade. Portanto, eu convivo com muitas idas e vindas; um entra e sai de pessoas que deixam saudade ou não deixam absolutamente nada. Durante este processo eu acabei me esbarrando em pessoas que me fizeram pensar que ficariam para sempre, mas também fui surpreendido por outras que eu sequer notei a presença quando entraram, mas que permanecerão para sempre aqui comigo. Quando resolvi deixar a porta aberta, percebi que é possível estar com a casa cheia e ainda se sentir sozinho. Mas também aprendi que quando uma pessoa chega para ficar, ela é capaz de pular a janela se a porta estiver trancada. Jogar as chaves fora e deixar a minha vida escancarada não me impediu de conhecer pessoas que só chegavam para ficar por um dia, mas pelo menos me privou de ter que levá-las até a porta quando elas decidiam ir embora.
Pra alguns parece tão simples, mas pra mim é uma equação que não fecha. Primeiro que eu não consigo encontrar o bendito valor do X, quem dirá colocar crush, timing, reciprocidade, saudade e mais uma caralhada de variáveis numa conta só e ter um relacionamento como resultado. Desculpa, mas eu sou de humanas total. Talvez eu não seja “namorável”. Na real, eu nem sei se essa palavra existe, mas foi a única que eu encontrei pra explicar minha situação atual. Eu não sou namorável e tá tudo bem. Eu aprendi a sorrir das minhas próprias piadas, dos meus próprios tombos e dos meus próprios erros. É covardia dizer palavras bonitas e depois agir feito uma criança que não sabe o que quer e o que diz. É covardia dizer que pretende ficar, quando na verdade irá partir a qualquer momento. Bonito mesmo é quem fica, quem entende as nossas pausas e os nossos medos, quem sabe dos nossos segredos e mesmo assim decide não partir. Bonito é quem não promete, mas prova, todos os dias, o quanto gosta da nossa companhia. Bonito é quem desperta o amor e fica, quem conquista e cultiva, quem além de plantar também rega, cuida e protege, pois não quer perder aquilo que cativou.
No fim das contas, se repete a velha história de me indagar o porque de não ser e nunca ter sido a escolha de ninguém. Talvez minha mansidão não desperte o desejo de que as pessoas fiquem, parece que nos acostumamos com o caos e tudo o que foge disso não serve. E eu não sou caos, sou paz. Não sei ter crise de ciúmes, não sei ser psicologicamente instável num relacionamento, não sei brigar sem motivo. Talvez por isso, eu seja somente a ponte, a estrada, o caminho. Mas nunca o destino, o objetivo, o final. E será que nunca serei?

Até breve (?)

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