Pular para o conteúdo principal

Amor de verdade é para quem aguenta o tranco.


Amor não é coisa para covardes. Tenho andado de mal com o amor desde que comecei a mostrar o meu lado feio ao mundo. Doido isso, né? As pessoas só querem entrar uma relação se ela for fácil. Mas sabe o que eu tenho aprendido com o tempo? Que não dá para confiar em uma pessoa que sonha com um relacionamento perfeito. Amor de verdade é para quem aguenta o tranco. Amor de verdade é para quem é capaz de sair brigado da casa do outro, mas não consegue pregar os olhos durante a noite, porque ama tanto aquela pessoa, que começa a se sentir um idiota por ter iniciado a discussão. Amor de verdade é para quem se permite contradizer, entende? Lembro de uma vez que eu disse para um namorado que jamais faria um certo programa no final de semana. Mas eu fiz. Claro que eu fiz. Faria de novo, se possível. Amor é para quem se permite ser feito de idiota. Mas de uma forma saudável, sabe? Sabe quando você fica bravo com uma atitude da pessoa, mas assim que ela sorri, você sorri de volta? É isso. Amor é para quem tem coragem de conviver com o que incomoda. É aprender olhar pro defeito do outro e pensar: “Porra, que coisa mais irritante”, mas segundos depois lembrar que é aquela coisa irritante que te faz sorrir no final do dia. E por isso eu ando de mal com o amor. Preciso ser lapidado demais. Preciso de paciência. De dedicação. De alguém que olhe para o quanto sou quebrado e consiga enxergar uma fresta de esperança, saca? Mas as pessoas só sabem procurar por uma relação que já esteja pronta, completa, perfeita. Como se isso existisse de verdade. Somos todos fodidos. Sim. Todos. Todo mundo carrega cicatrizes que não podem ser disfarçadas, medos que não podem ser superados, traumas que ficarão para sempre. É por isso que elas procuram por alguém que não aparente ter problemas: para que todo o cuidado seja dedicado à elas. Mas, no fundo, ninguém quer admitir que precisa de cuidados também. E pior. Está cada vez mais difícil achar alguém disposto a cuidar.
Foram tantos murros em ponta de faca que não são apenas as mãos que estão machucadas. O coração dói. O corpo pede alguns minutos de trégua nessa luta. Só quem realmente vive sabe o quanto é difícil lidar com essa sensação de que precisa partir… ou deixar ir. Foram tantos momentos, não foram? Tantas trocas, tanto tempo investido. Eu acreditei, dei tudo de mim. E fiz muito para que chegasse o mais próximo possível daquilo que eu sonhei. As expectativas, os planos: todos estavam ali bem vivos, mas de alguma forma tão inalcançáveis. De uma hora para outra o muro desabou. Todos os tijolinhos que carregava com tanto entusiasmo caíram aos meus pés. O meu castelo estava no chão; e eu desabrigado. Não deu para consertar tudo. Me entreguei da maneira mais bonita que conhecia. Fiz o possível e impossível para que a realidade se alinhasse com minhas expectativas. Eu quero ficar, mas no fundo entendo que não consigo segurar um castelo apenas com as minhas mãos.  Chegou aquele grande dia em que eu preciso perceber que às vezes juntos não significa felizes. Relacionamentos são vias de mão dupla e quando o outro lado não está mais lá, a insistência pode machucar cada vez mais. Não é fácil continuar dando tanto e receber em troca apenas o suficiente.
Eu tô indo. E dessa vez é pra sempre (ou não). Tô indo embora da sua vida pela mesma porta que eu entrei, mas dessa vez é pra sempre. Não, cara, não dá mais. A gente tentou, eu sei, mas foram muitas idas e vindas, sendo que em cada uma delas ficava um pedaço da gente pelo caminho. Eu tô me arrastando pra fora dessa porta, com uma vontade do caralho de ficar, mas dessa vez não. Não vai rolar. O porteiro do teu prédio já viu nosso amor subir com um sorriso bobo no rosto tantas vezes e descê-las aos prantos outras vezes mais, que até pegou intimidade com ele. Dessa vez eu vou sair pelos fundos, então, amanhã cedo, quando ele perguntar, diz que o nosso amor precisou partir e que vai ser melhor assim. Ainda assim está sendo bem foda, porque sinto teu coração, mesmo que um pedacinho, batendo junto com o meu. As inúmeras lembranças invadiram meu peito e encheram meus olhos, mas vou parar de me alongar, pra que não seja pior pra nós dois. Eu tô indo. E dessa vez é pra sempre e pra nunca mais voltar. Ou não. Numa dessas voltas da vida, a gente acaba se esbarrando e percebendo que o tempo sempre tem um plano. O meu eu já falei baixinho, em segredo. Se eles coincidirem, eu te conto. Deixa a porta destrancada. A gente nunca sabe quando o amor pode (re)aparecer pra fazer morada.

Até breve (?)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

É dessas mulheres pra comer com dez talheres (♪)

Uma vez, quando eu era ainda mais moleque, uma certa pessoa me disse: "Rapaz, as mulheres não são todas iguais, como nada na vida é. Um Fusca e uma Ferrari, ambos são carros mas são muito diferentes um do outro. Com as mulheres é a mesma coisa, digamos que... Cada uma tem uma potência e um preço diferente, assim como os carros.". Desse dia em diante, eu passei a achar que mulheres são como carros. Ok, ok, entendi errado, mas deem-me um desconto, ainda era muito moleque quando me fizeram essa comparação. Cresci um pouco, achei que entendia mais da mulheres, e posso dizer que adquiri certa experiência com elas. Os homens tendem a se achar superiores as mulheres em um milhão de coisas, e buscam até embasamentos científicos para mostrar que elas são melhores apenas em tudo que está relacionado a cuidar do lar, dos filhos e do macho. Pobre desses homens. Mais pobre ainda as mulheres que ficam com esses homens. Mas enfim, com essa experiência que adquiri com mulheres, pude apren

“ – Porque nunca fica ninguém?

– Talvez seja por causa do seu coração aberto. – Como assim? – Ué, você não vê que as pessoas temem pessoas que amam demais? – Verdade, toda vez que enxergam meu coração eles temem, eles correm, as pessoas se assustam porque meu coração está sempre disposto a amar muito. – As pessoas temem ser amadas, elas temem o amor alheio, porque se acostumaram a amar pouco, e quem ama muito é chamado de louco. – E o que eu devo fazer, fingir que amo pouco? – Não, gritar que amam muito e esperar que o grito atinja outro coração disposto a amar em dobro. [Gustavo Pozzatti]       "Porque nunca fica ninguém?" Essa era uma pergunta que eu vinha me fazendo há um tempo, e ficava sempre na dúvida entre se era porque eu sou confuso de mais ou pareço leviano em excesso. Existe algo que faz com que as pessoas que conheço e me relaciono desenvolvam um afeto grande por mim bem rápido, e depois de um tempo, elas se vão, normalmente quando começo a abrir meu coração. Mesmo

Arrepiado, deixa o farol ligado, o vidro tá embaçado... (♪)

Tá bem frio hoje mesmo... Pois é, vamos dar uma volta? Ah, tô com preguiça... A gente sai só pra comer alguna coisa. Tô longe hoje. Eu te pego. Pega?!?? Tô brincando... Tá brincando? Que pena. Mas sério, te busco em algun lugar. Pode ser então. Onde vamos? Não sei... O Rio no frio me deixa sem ideias. Tá com fome? Não. Cerveja? Não... Hnm... Vamos então encostar o carro e ver a lagoa? Pode ser! Já parou aqui antes? Não... Lindo né? Uhum. Que bom que finalmente aceitou meu convite... Você nunca convidou... Você sempre fugia antes que eu chamasse. É... Olha pra mim... Fala. Me beija. "Dentro do carro, O cinto já tá de lado, O rádio tá ligado, Aumenta o ar condiconado..." Eu gosto dessa música. Eu também. Bem sugestiva. Verdade. Eu acho q... CALA A BOCA! "Arrepiado, Deixa o farol ligado, O vidro embaçado, O banco ta encostado." Pera, tá muito calor. Você não estava reclamando do frio? Mas agora tô suando. Tira a camisa... Não, as pessoas lá fora podem ver. Com esses vi