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Eu te quero bem porque você me fez bem também.


Eu apanho do invisível. Tenho a sensação de que mostro o erro para as pessoas e cometo algo três vezes pior. Será que as pessoas se importam com suas ações? Será que se importam que do outro lado tem outros corações que estão se sacrificando com as exigências e com a covardia, para no fim aceitar o pouco que tem para receber? Ouvi dizer de você que quer mudar, mas segue não se importando. Na verdade, as vezes penso que se tem alguém que apanha do invisível aqui não sou eu.
Mas para seguir em frente, às vezes é preciso dar um passo para trás. Sou do grupo dos sonhadores natos. Sou movido por sonhos. Quero sempre mais, conquistas maiores e feitos mais brilhantes. Mais que isso até: entro de cabeça em todas as coisas. Se for para fazer mal feito eu nem tenho vontade de começar. E já que eu sempre começo, tenho o péssimo hábito de colocar uma pressão absurda em absolutamente todas as coisas. Tudo têm que ficar excelente, digno de parabéns, ao nível de ser compartilhado pelos outros em rede social. Mal colho os louros de uma glória e já me vejo desesperado por uma nova conquista. Talvez seja por causa de meu ego inflado, minha vaidade, minha mania de grandeza. Seja lá o que for, há uma tóxica necessidade de ser sempre o melhor e isso vai me afogando pouco a pouco. Abraço todos os projetos possíveis, entro em todas as causas, digo sim pra tudo numa compulsão absurda. E aí chega uma hora que os prazos expiram, desaponto pessoas, boto em cheque minha autoconfiança. Tem dias que a inspiração não vem, bate um bloqueio e simplesmente não tenho a menor vontade de criar nada novo. É puro desespero! Andei assim, lhes confesso. Vai saber se a lua entrando em sei lá onde, se é que os astros explicam alguma coisa. Quem sabe seja falta de carboidrato no organismo por causa da dieta, se é que a ciência explica alguma coisa. Talvez seja pelas mudanças da idade e as fases que vem e voltam, se é que existe alguma explicação. Bom, tanto faz. Sempre fui mais de procurar as soluções do que perder tempo tentando achar primeiro a causa dos problemas. Andei mesmo é de saco cheio de tudo, me arrastando pelos cantos da casa numa depressão a base de água com gás para ver se talvez eu não havia tomado o caminho errado. O lance no fim das contas é que parei com tudo. “Parem as máquinas!”, bradei aos meus sonhos e projetos. Eu sou tão intenso nas coisas que quero que vou indo assim, que nem cavalo de corrida, só olhando para frente e agindo muito mais do que pensando. No fim das contas, quando achei que havia me perdido de vez foi quando acabei encontrando as minhas respostas. Para seguir em frente, às vezes é preciso dar um passo para trás. E foi assim que conseguir ver o plano todo: andar para trás não é feio, desde que seja para tomar impulso.
Mas eu te quero bem. Sim, mesmo depois de toda essa história, mesmo depois de todos os tropeços, eu só te quero bem. Vou te guardar com carinho, sabe por quê? Acredito, fielmente, que cada um é o que é e oferece aquilo que tem. Eu nunca senti com o seu coração, eu nunca pensei com a sua razão, eu nunca andei a sua jornada, então, eu não sei o que te faz sentir, agir e caminhar assim. Eu conheço o que você me mostrou, mas não toda a sua história. Eu conheci sua parte boa e, diga-se de passagem, ela é muito boa, viu?! Pode se orgulhar do seu sorriso que aquece qualquer coração. Pode saber que seus olhos de cor indefinida são bonitos por demais, principalmente, quando você está falando sobre o que gosta. E, espero que você, um dia, entenda que seu coração também é lindo, bom e grande, mas ainda muito danificado por coisas passadas. Acho que, por isso, você acaba danificando alguns corações por aí. Desejo que você se cure sem machucar mais  ninguém pra isso. Eu conheci a sua parte ruim também. O silêncio, o opaco (transparência não foi seu forte), o medo, o distanciamento. E… Eu podia me apegar a isso e sentir raiva, guardar mágoa e rancor, principalmente, pela forma como tudo sempre correu: em silêncio. Mas, não… Não… Eu não sou assim. Eu aprendi a me colocar no lugar do outro, por mais que eu não o entenda. E eu tenho feito isso com você, sabe?! E tudo o que eu vejo quando faço isso é um cara grande por fora que carrega um menino assustado do lado de dentro. Se eu tenho razão? Não sei. Também nem vem ao caso. Só tô querendo dizer que eu não te quero mal porque você quebrou um pedaço do meu coração. Eu te quero bem porque você me fez bem também. Seria injusto dizer que não. Eu escolho te guardar com carinho e ter cuidado com tudo o que você deixou. Eu escolho te querer bem, ainda que não perto e escolho te perdoar, ainda que você não reconheça o erro, os erros. Talvez, na sua mente, nem houve erro algum. Vai saber… Eu escolho guardar de você não a distância, mas o nosso primeiro encontro. Esse sim, eu vou guardar muito bem guardado. Eu escolho guardar de você o quente da sua mão na minha e dos abraços no meio da noite. Não o frio silenciado das últimas noites. Ei, eu te desejo um bem enorme, viu?!

Até breve (?)

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