Eu decidi escrever pra você enquanto ainda me lembro disso tudo que to sentindo.
Escrevo pra te dizer (sem que você saiba) que você chegou feito um furacão e tirou tudo do lugar. É estranho pensar que desde o momento que te vi sua foto pela primeira vez, vestindo uma camisa do Flamengo, eu senti algo diferente que fez com que eu preferisse evitar. E eu tentei. Muitas vezes.
Até que um dia, em um sábado qualquer, onde por aqui havia apenas insônia e uma série desinteressante na TV, chegou um convite despretencioso. E lá fui eu, achando que seria só mais um encontro casual, talvez uma cerveja, com sorte um bom sexo e então tudo seguiria normal. Mas não foi asim. Na verdade, desde então, nada está normal.
Não éramos só nós dois ali, mas eu queria que fosse. Eu tive que me esforçar muito para conseguir disfarçar a fixação que eu estava em você. A noite correu bem, tirando o fato de que eu queria muito que pudéssemos estar a sós. Nos despedimos e eu acreditei que era isso. Mas não foi.
Você foi comemorar seu aniversário. E no meio da sua viagem recebo uma mensagem sua com "pensando em você". Eu lembro desse momento com exatidão porque, coincidentemente, estava pensando em você no mesmo momento. Combinamos de nos encontrar assim que você chegasse, em um domingo. Nos encontramos e foi incrível.
E então nos encontramos de novo em um restaurante tailandês. Dessa vez foi realmente um encontro, com hora marcada, a sós. Lembro de ficar nervoso como um adolescente enquanto me arrumava. Experimentei umas 4 camisas diferentes. Eu queria que você me achasse bonito, eu estava ansioso, inclusive estaa suando como se fosse o primeiro encontro. E na verdade, esse era meu primeiro encontro depois de uma década. Esse sentimento eu tinha esquecido como era. E gostei.
Desde então, foram muitos outros encontros, noites dormidas juntos, alguns dos melhores sexos que já tive, e muitas outras coisas que foram tão intensamente vividas num espaço de cerca de um verão.
Mas de tudo isso, o mais importante que fica é que você me fez sentir de novo. E eu nem sei nomear direito o que é. Pode ser paixão. Pode ser amor, um tipo de amor desses meio platônicos mesmo, onde a gente fantasia um monte de coisas que, no fundo, a gente sabe que não pode realizar.
Mas o fato é que você despertou em mim todas aquelas inseguranças gostosas que sentimos quando estamos nos apaixonando por alguém. A ansiedade de encontrar de novo; o beijo que acelara o coração; a excitação automática ao ver a pessoa vindo em nossa direção; o cheiro do cabelo diferente; o abraço que procura na hora de dormir; a descoberta de entender como é a rotina do outro e como podemos nos encaixar nela; a forma como gosta do café; o que come no café da manhã; o que faz o corpo tremer; onde toca e faz gemer...
Você me fez acreditar em possibilidades, pensar em alternativas, fazer querer dar certo, desejar que eu pudesse de fato me dividir em dois para poder te dar tudo o que você precisa - e merece. Mas eu não posso. E você já me disse que precisa de mais. Mas, de qualquer forma, eu realmente preciso te agrader por tudo isso que aqui já descrevi, e que não sei nominar - e acho que na verdade nem precisa. Mas eu queria muito poder ter mais de você na minha vida.
Eu nunca sei ao certo quando será nossa última vez. Nem ao certo sei se já não tivemos nossa última vez. Essa incerteza sobre nós talvez seja o que temos de mais concreto.
"Enquanto você dorme, eu cheiro você
Pra guardar na memória o Tom
Do meu veludo cor marrom, ai
Eu não tô a fim de desgrudar
Mas quero fazer, dos dias, a paz
Para fazer um escarcéu com teu sorriso
Nem ligo, a gente pode demorar ♫"
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