Wendell Miranda

No primeiro instante, mal te vi. Na verdade, a única coisa que eu queria era um lugar onde eu pudesse deitar e dormir. No instante seguinte, você estava do meu lado, eu estava te mostrando algumas fotos do meu celular enquanto você repousava sua mão na minha coxa. Um instante depois, eu te beijei. E assim ficamos durante todo o trajeto de volta pra casa. Nesse instante, pela primeira vez eu não me importei com o que você poderia pensar, na verdade, eu estava pouco me importando com isso. Instantes depois, chegamos no local onde eu deveria dormir, você fez um convite para que eu te acompanhasse até sua casa e dormisse lá, num primeiro momento pensei em negar, porque queria parecer um bom rapaz, mas na verdade, eu ainda pouco estava me importando com o que pensaria a meu respeito, e fui. Instantes depois, eu estava na sua casa. Reparei nos detalhes cruciais e de pronto sabia que havia algo "fora do comum", mesmo assim, me entreguei a tudo aquilo que me deu na telha

A história se repete e todas as vezes é a mesma coisa: Sempre chego no aeroporto em cima da hora e preciso sair correndo pra não perder o voo, ou, chego com muita antecedência e acabo dormindo no saguão, acordo no susto achando que perdi o voo e saio correndo pro portão de embarque. Sempre tem uma emoção, sempre tem um imprevisto, porque se não for assim, não sou eu. Entro no avião, durmo quase que imediatamente (mesmo que tenha dormido a noite inteira), acordo algumas vezes durante a viagem e, quando finalmente o avião começa o procedimento de aterrisagem, "desentupo" meus ouvidos, olho pela janela e sorrio. É sempre nessa hora que eu imagino que, mais uma vez, eu estou fazendo aquilo que sempre almejei, aquilo que me traz imenso prazer e satisfação. Nos últimos meses, essa cena tem sido tão frequente, que preciso me concentrar para conseguir recordar todas as vezes que ela se repetiu, e a única coisa que eu desejo é que isso nunca se torne "natural" ao