O escritório está estranhamente silencioso hoje. A porta não abre, o telefone mal toca, o computador da mesa do lado está desligado. Coloco uma musica e... droga! A caixa de som está ruim... me esqueci desse detalhe. Abro a janela na esperança de poder ver algum movimento lá fora, pra quem sabe, sentir um pouco de vida, doce ilusão... tudo o que vejo são outras janelas, todas fechadas. Me debruço um pouco na janela, consigo ver a ave no topo do Theatro Municipal, imponente, intocável e... solitária.
Duas gaivotas voam no céu, elas não deveriam estar ali, está chovendo e uma vez, lembro bem, me disseram que faz mal pegar chuva... Talvez, para elas, estar juntas, mesmo fazendo mal é mais válido do que estarem seguras porem sozinhas. Isso faz um pouco de sentido.
A chuva não molha minha janela, mas por ela entra um vento gelado que me faz ter uma breve vontade de fechá-la novamente, mas logo desisto, afinal, não era isso que eu estava procurando? Não era vida que eu queria sentir? Eu não queria sentir alguma coisa? Sentir frio pode ser uma boa ideia... Não, não é. Coloco o casado, fecho a gola até o pescoço mas mantenho a janela aberta, quero observar mais um pouco a imponente, intocável e solitária ave do Theatro Municipal, acho que é uma águia, não tenho certeza, mas de qualquer forma, acho que sei como ela se sente, hoje, nos últimos tempos... Sempre foi assim? Não sei, não sei mesmo, mas agora está assim.
Assim como ela, estou aqui. Até imponho certo respeito, desperto certa admiração, não grandes coisas não, pois tem gente que passa e nem repara, que mal se dá ao trabalho de olhar em volta... Mas existem aqueles que percebem algo de interessante ali, que fixam o olhar, que procuram entender 'comos' e 'porquês'.
Assim como ela, estou aqui. Com a postura segura, de que sempre tenho o controle da situação, de que passo confiança necessária para as pessoas, de que tenho os pés no chão mas a confiança nas alturas.
Assim como ela, estou aqui. Na verdade, nem tão aqui assim, exatamente como ela está. Ao alcance dos olhos mas não das mãos, se procurado logo percebido, se desejado um pouco afastado. Estou aqui mas estou distante, estou aqui mas estou longe, estou aqui mas estou intocável.
Assim como ela, estou aqui. Com muito movimento a minha volta mas nada muito perto de mim. Com muita coisa acontecendo a meu redor mas nada que me atinja. Com nada de muito interessante para fazer mas mantendo aquela tal pose imponente.
Olho em volta e percebo que o tal vazio não é aqui, tudo está normal. O vazio é dentro de mim, é dentro de mim que está o problema. Talvez, se eu fosse oco como imagino que seja a tal ave imponente em cima do Theatro Municipal não tivesse esse problema, mas isso é uma suposição, só uma suposição. A unica certeza que tenho é que faz frio muito frio. Não estou falando da temperatura, esta está até agradável... Está frio aqui dentro...
Debruço-me outra vez na janela, respiro fundo três vezes e tento me concentrar no plano de fingir estar tudo bem e enganar até a mim com isso. Coloco a cabeça pra fora da janela na intenção de inspirar um ar mais puro possível, lembro que está chovendo. Sinto algumas gotas d'água rolarem pelo rosto, água da chuva ou lágrimas? Não tenho certeza. Recuo, seco a água do rosto com a manga do casaco e antes de me virar ensaio um sorriso. Sorrio, me viro, sento no computador e lembro que ainda há muito o que fazer e eu tenho que concentrar nisso, no trabalho. E em muitas outras coisas também.
Até breve (?)
Duas gaivotas voam no céu, elas não deveriam estar ali, está chovendo e uma vez, lembro bem, me disseram que faz mal pegar chuva... Talvez, para elas, estar juntas, mesmo fazendo mal é mais válido do que estarem seguras porem sozinhas. Isso faz um pouco de sentido.
A chuva não molha minha janela, mas por ela entra um vento gelado que me faz ter uma breve vontade de fechá-la novamente, mas logo desisto, afinal, não era isso que eu estava procurando? Não era vida que eu queria sentir? Eu não queria sentir alguma coisa? Sentir frio pode ser uma boa ideia... Não, não é. Coloco o casado, fecho a gola até o pescoço mas mantenho a janela aberta, quero observar mais um pouco a imponente, intocável e solitária ave do Theatro Municipal, acho que é uma águia, não tenho certeza, mas de qualquer forma, acho que sei como ela se sente, hoje, nos últimos tempos... Sempre foi assim? Não sei, não sei mesmo, mas agora está assim.
Assim como ela, estou aqui. Até imponho certo respeito, desperto certa admiração, não grandes coisas não, pois tem gente que passa e nem repara, que mal se dá ao trabalho de olhar em volta... Mas existem aqueles que percebem algo de interessante ali, que fixam o olhar, que procuram entender 'comos' e 'porquês'.
Assim como ela, estou aqui. Com a postura segura, de que sempre tenho o controle da situação, de que passo confiança necessária para as pessoas, de que tenho os pés no chão mas a confiança nas alturas.
Assim como ela, estou aqui. Na verdade, nem tão aqui assim, exatamente como ela está. Ao alcance dos olhos mas não das mãos, se procurado logo percebido, se desejado um pouco afastado. Estou aqui mas estou distante, estou aqui mas estou longe, estou aqui mas estou intocável.
Assim como ela, estou aqui. Com muito movimento a minha volta mas nada muito perto de mim. Com muita coisa acontecendo a meu redor mas nada que me atinja. Com nada de muito interessante para fazer mas mantendo aquela tal pose imponente.
Olho em volta e percebo que o tal vazio não é aqui, tudo está normal. O vazio é dentro de mim, é dentro de mim que está o problema. Talvez, se eu fosse oco como imagino que seja a tal ave imponente em cima do Theatro Municipal não tivesse esse problema, mas isso é uma suposição, só uma suposição. A unica certeza que tenho é que faz frio muito frio. Não estou falando da temperatura, esta está até agradável... Está frio aqui dentro...
Debruço-me outra vez na janela, respiro fundo três vezes e tento me concentrar no plano de fingir estar tudo bem e enganar até a mim com isso. Coloco a cabeça pra fora da janela na intenção de inspirar um ar mais puro possível, lembro que está chovendo. Sinto algumas gotas d'água rolarem pelo rosto, água da chuva ou lágrimas? Não tenho certeza. Recuo, seco a água do rosto com a manga do casaco e antes de me virar ensaio um sorriso. Sorrio, me viro, sento no computador e lembro que ainda há muito o que fazer e eu tenho que concentrar nisso, no trabalho. E em muitas outras coisas também.
Até breve (?)
Comentários
Postar um comentário