Era quinta-feira pré carnaval, eu me lembro bem. Naquele dia a programação era ir direto pro camarote, mas eu não poderia deixar a Claudia passar sem que eu a visse. E então você veio no "combo". Com um sorriso meio maroto, olhos que semicerravam sempre que ria e aquela boina de policial. Lembro o momento que o vi, mas confesso, não lembro exatamente como foi o primeiro beijo, mas havemos de convir, no carnaval de Salvador não dá pra ter tanta certeza de como essas coisas acontecem, mas o fato foi que encaixou. E muito. E então, a partir daquele momento foi fácil perceber qual era o meu "beijo preferido" naquele universo tão grande que era Salvador.
Sexta-feira foi parecida... Mas no sábado que percebi que algo diferente havia acontecido ali. Não era só vontade de carnaval, era curiosidade de saber mais. E assim se passou todo o carnaval, e a cada dia que passava aumentava mais essa vontade de querer mais, de procurar seu beijo a cada 10 minutos, de sentir algo diferente quando segurava a sua mão, ainda que fosse só na fila que fazíamos no meio do bloco para que não nos perdêssemos.
E então, os dias de folia chegaram ao fim, e eu ainda pensava em você de forma diferente. Me sentia meio pateta, como se adolescente fosse, com aquele frio na barriga que se sente quando estamos apaixonados. Uma sensação gostosa, mas que eu sabia que com o findar da folia esse sentimento também findaria, um amor de carnaval, quem nunca teve?
Mas aí você disse que estava febril, e eu senti uma preocupação fora do normal. E então, já não tinha tanta certeza se era só "amor de carnaval". Te encontrei para almoçarmos, e naquele momento, sabia que você tinha me conquistado. Beleza me atrai, mas inteligência me conquista. Só naquele dia eu acho que conversamos de verdade, e acho que pelo menos umas 3 vezes eu me peguei pensando:"que cara incrível!". Eu queria poder aproveitar mais da sua presença, porque sabia que em breve nos despediríamos sem ter a menor ideia de quando nos encontraríamos novamente, e eu não queria dizer tchau tão cedo. E eu estava ainda preocupado com sua febre.
E então, aquela tarde inteira se passou com você deitado no meu peito. E naquele momento eu tive certeza que algo especial havia nascido entre nós. Talvez você não saiba, mas para mim, um dos maiores sinais de intimidade que eu posso ter com alguém é deixar que durma do meu lado, escorada no meu peito, e posso contar nos dedos quantas pessoas já fizeram isso. Nem seu ronco na minha orelha me incomodou, pelo contrário, eu gostei. "Posso ficar de cueca?", "Deve". E também não pode haver momento de maior intimidade do que, no meio da madrugada, estar deitado abraçado com alguém, falando da vida, de passado, de futuro, de medos, de ter o corpo inteiro mordido e perder o fôlego de tantas cócegas... Definitivamente, não foi só um "amor de carnaval". Não queria dormir porque eu queria poder aproveitar o máximo que pudesse daquele momento. Mas dormimos. E acordei com uma sensação estranha, de saber que em breve estaríamos tão distantes mas que eu queria que durasse mais. Você foi. Eu fiquei. Mas nossas conversas ficaram, e ficam até hoje.
Fato é que, algo de diferente existiu. Algo especial, que dá frio na bariga, que me faz parecer meio adolescente, que me faz sorrir quando vejo notificação no celular, que dá saudade quando não aparece, que faz com que eu faça planos, e o melhor de tudo, algo que é racional. Racionalmente delicioso.
Não sabemos como vai ser depois. Não sabemos quando nos encontraremos novamente. Não sabemos como as coisas vão caminhar... Mas uma coisa é certa: eu não vou esquecer o tanto de coisas lindas que você me despertou em tão pouco tempo. Sempre achei um pouco piegas essa história de "tudo o que é bom dura o tempo necessário para se tornar inesquecível", mas agora eu tenho certeza que isso é verdade, porque você me mostrou isso.
Talvez você não consiga dimensionar o quão intenso foi e está sendo tudo isso para mim, mas acredite, tu estará guardado nas minhas melhores lembranças, para sempre.
No início da postagem, coloquei "Saudade", a música que marcou nosso carnaval, e que sempre me fará lembrar de você.
Aqui no final, coloco outra música que lembro de você também sempre que escuto, por coincidência, também é de Claudia. Será o destino? rs
"Chuva bate na janela e eu me lembro de nós dois aqui, ouço agora aquela música velha que você cantou um dia pra mim.. Você foi para um país distante, li agora o seu cartão postal. Sua foto na estante. Te vejo no ano que vem, no carnaval? Chove chuva, chuva chove, cai do céu pro chão! E corre vem lavar o meu rosto. Eu sei de tudo o que acontece entre a gente, nem imagino tentar te esquecer... Não vejo a hora de te ver novamente e ficar com você..."
Até breve (?)
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