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O que não mata fortalece: mas eu juro que preferia ser mais fraco e não ter que encarar isso sozinho!

Precisamos falar sobre as primeiras dificuldades de estar sozinho do outro lado do mundo. E lhes adianto que esse post será um misto de desespero (para mim) e comédia (para vocês).
Para quem está pensando que vou falar sobre saudade (esse ponto deixarei para abordar em outro momento) ou carência, está enganado. Para que vocês acompanhem com mais veracidade de detalhes, irei postar trechos da conversa durante o período da minha "aventura".
Pois bem, todos que me conhecem sabem que eu tenho verdadeiro pavor de aranha. É algo que eu já sabia que tinha, só não sabia que era tao forte assim como foi.
Há cerca de duas semana eu mudei de casa aqui em Cape Town, precisava de algo mais reservado e privado, e encontrei uma casa há 200m da minha escola e com um preço maravilhoso para a região. Sem pensar duas vezes, me mudei. Pulamos então para domingo de noite. Único dia em que resolvi passar em casa relaxando desde que aqui cheguei. Fiz uma pipoca, comprei uma gordices  e estava me preparando para deitar e relaxar, no momento em que tirei os travesseiros da cama para deixar mais aconchegante, debaixo dele sai uma aranha assustadora, dessas com corpo médio e pernas gigantes. Serio, não estou exagerando!
E para completar, não posso deixar de salientar que tenho um companheiro que é completamente sarcástico, debochado e paciente.

Primeiros momentos de desespero: assim que eu vi a aranha, por acaso estava conversando com o Elias por áudio no WhatsApp, e eu dei um grito bem constrangedor que eu prefiro não colocar aqui.
Mas as mensagem que se seguiram foram:

 
 


E partir desse momento, minha noite virou um inferno. Sem exagero.
Fiquei travado no quarto, não conseguia sair porque tinha medo de a aranha ir pro guarda roupa  eu perder ela pra sempre, mas também não conseguia de jeito nenhum sequer chegar perto da cama. Cogitei dormir em um hostel. Cogitei chamar os bombeiros, mas acho que eles não viriam por conta de uma aranha. Cogitei voltar pro Brasil, mas acho que eu me arrependeria se fizesse isso, rs.

E então resolvi que tinha que tomar uma atitude corajosa e começar a agir.
Mas o máximo que consegui foi dar um chute na cama e fazer a aranha sumir de vez da minha vista. E obviamente comecei a passar mal, a suar frio (acho que fazia 14º nesse dia, mas eu não parava de suar hahahaha), e comecei a achar que a aranha tinha ido chamar as outras amigas aranhas pra virem todas se vingar de mim. Sim, na minha cabeça já estava rolando toda uma teoria da conspiração aracnídea contra mim.
Resolvi que ia parar de falar com Elias porque ele ficava mandando eu fazer as coisas e eu não conseguia, e eu não queria ser grosso. Mas na real mesmo eu queria que ele fizesse o que sempre faz quando tinha aranha por perto: "Wendell, sai de perto e deixa que eu resolvo", mas acho que mesmo se ele fosse vir me socorrer, Alemanha e África do Sul não é tão perto assim, haha.




Pois bem, Elias me convenceu que eu precisava tirar ela mesmo de um jeito ou de outro. Vi uns vídeos motivacionais no YouTube (real hahaha), e resolvi encarar esse ser vivo monstruoso. Mas essa aranha era muito astuta e conseguiu se esconder. Cada vez que eu chegava perto da cama era um novo desespero que tomava conta de mim. E enquanto isso eu ia pedindo dicas para o Elias, e também porque eu me sentia mais confortável com a falsa sensação de que tinha alguém por perto. 



E então, depois de muita agonia e desespero, eis que encontro esse monstro me encarando na parede que estava do meu lado O TEMPO TODO. Sim, esse bicho medonho conseguiu anadar sorrateiramente por todo o quarto e resolveu ficar admirando meu desespero de camarote. Quando falo que esses monstros são traiçoeiros ninguém acredita!

OLHA O TAMANHO DESSE MONSTRO!
 E então começou a segunda parte mais dramática da aventura. Encarar esse mostro face a face, e ela era tão afrontosa que não parava de me olhar e dar uns "tchauzinhos" com as patas. Sério.
Mas as orientações para neutralizar o inimigo e vencer essa guerra começaram a chegar e eu precisava conseguir agir. Sim, nesse momento, para mim já era uma guerra, e só um de nós poderia sair vivo dessa batalha!




Sim, perdi a primeira batalha dessa guerra. Consegui errar as duas chineladas que tentei dar. O pior foi que ela nem se mexeu, eu que tava tremendo demais mesmo cada vez que chegava perto dela. Me senti derrotado. Queria chorar, entregar os pontos. Só que já chegou tão perto de algo e perdeu sabe como é essa sensação de amargo na boca. Os ombros pesaram e eu queria só deitar em posição fetal e esperar o mundo acabar. Mas então Elias me ligou, e como um bom líder, me fez ter forças para voltar a lutar. E me deu novas coordenadas de como neutralizar o inimigo. Eu tinha só mais uma chance de brilhar, e minha hora era essa. Precisava de uma toalha apenas, mas eu não tinha por perto, só minha mantinha confortável companheira de viagem. Eu não tinha o que fazer, tive que usá-la e já me despedi porque sabia que seria nossa última aventura juntos.



E então, depois de neutralizar o mal elemento na manta, e ter uma outra pequena crise em ter que pegar com a minha mão e levar pro lixo na cozinha, começou a parte três do episódio. Meu desespero pós batalha. Sabe quando passamos por um momento de muita adrenalina e logo depois começamos a ter pano preto, suar, chorar, rir ou ter tremedeira nas pernas? Pois bem, eu tive tudo isso junto!



E bom, obviamente que depois disso, não vi mais filme nenhum, perdi a graça na pipoca mas comi o chocolate sim, porque aí já seria demais, né não? haha
Ah, nesse dia (e nos três seguintes), dormi de calça, meia, casaco, touca e debaixo da coberta, que estava perfeitamente lacrada em volta do meu corpo para que eu pudesse ter certeza que nenhuma aranha conseguiria entrar na madrugada.
Agora já estou melhor, só sacudo a cama com um cabo de vassoura todas as vezes que vou deitar, acho que mais depois meses tudo volta ao normal.

Enfim, todo mundo diz que é muito difícil viver sozinho e outro país, que a saudade aperta, que bla bla bla. Mas NINGUÉM me disse que eu precisaria enfrentar uma aranha sozinho dentro do meu quarto. Vocês DEVERIAM ter me preparado para isso. Sério.
Pelo menos agora me sinto mais forte, mas não, não preciso por isso nunca mais!

Até breve (?)

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