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É possível um dia enfim aprendermos a lidar com a saudade?

Hintersee - Alemanha
Existem muitas coisas das quais ninguém nos prepara. Coisas que temos que aprender sozinhos como, curar um coração partido, lidar com o luto ou a ausência... E dentre tantas coisas que temos que aprender sozinhos, uma das maiores é a convivência com a saudade.
Essa tal da saudade é uma constante na minha vida, principalmente nos últimos 3 anos. Uma vez eu li em algum lugar (e talvez tenha sido em alguns dos meus textos mesmo) que uma vez que você se joga no mundo, você descobre muito mais sobre você ao passo que nunca mais se sentirá inteiro novamente em lugar nenhum. E isso têm feito tanto sentido na minha vida que cada vez mais é uma das poucas certezas que eu tenho hoje.

Mas como explicar esse sentimento? Eu sinceramente não sei. E não busco tentar entendê-lo. Na verdade, o passar dos anos me fez parar de tentar entender tudo à minha volta e viver mais, olhar mais e sentir mais. E ainda assim, algumas vezes eu me pego pensando em muitas coisas que me fazem doer um pouco o peito e ter saudade de momentos que eu nem sequer vivi - mas gostaria de ter vivido. E aqui, eu não falo de coisas irreais ou suposições (como amores não vividos e lugares não visitados). Eu falo da vida que acontece fora do meu entorno e que eu não posso me fazer presente. De aniversários, Natais, Dias de mães, pais, crianças e seja lá mais do que, casamentos, fins de semana, de sentar na calçada pra tomar uma cerveja, do nascimento dos bebês amados, de estar presente quando amigos têm seu coração partidos ou precisam de colo e até de estar lá pra nada.

No geral, eu lido bem com essa saudade, do meu jeito - que eu sei que não é como a maioria das pessoas lidam. Minha saudade fica aqui comigo, no geral aquecendo meu coração. Mas tem dias que ela aperta. Tem dias que até dói, e não tô exagerando. Normalmente, ela dói quando vejo ou falo em vídeo com alguém que eu gostaria de estar perto. Curioso, não? A tecnologia não me ajuda em nada nesse quesito. Acho que é porque eu sou de abraços, olhos nos olhos e cabeça no colo. Perdi as contas de quantas vezes eu desliguei uma chamada e tive que me concentrar para não chorar nos próximos 5 minutos até que a saudade parasse de doer.

E eu sei que muitas vezes posso parecer frio e distante por talvez não estar tão presente "virtualmente" quanto as pessoas esperam - ou a maioria faz. Mas essa foi a forma que eu encontrei de doer menos em mim. E é engraçado que hoje não me sinto mais pressionado a ter de dar explicações para ninguém, mas escrevo esse texto para tentar, talvez, entender melhor meus próprios sentimentos. Porque os últimos dias têm sido intensos de saudade, e eu acho que tô desaprendendo a lidar com ela da forma como tenho conseguido nos últimos 3 anos.

Eu estou aqui onde eu escolhi estar, com a vida que eu quero ter. E tão feliz quanto eu pudesse imaginar que estaria um dia. E ainda assim, essa saudade vem e arrebenta tudo às vezes.

Eu já me conformei que esse sentimento vai me acompanhar sempre, e tenho tentado aprender a lidar com ele. Pois o modo de vida que eu escolhi ter e onde eu posso viver mais plenamente tudo aquilo que almejo, infelizmente, me levam para longe de minhas raízes e do meu passado. E eu já me conformei também que eu não posso ter tudo, na verdade ninguém pode. 

Eu vi num filme uma vez que na vida a gente tem que escolher pelo que vale a pena sofrer. Eu concordo com isso em parte. Mas eu acho mesmo que na vida a gente tem que escolher o que melhor nos completa e o que é mais suportável viver sem. E estar sem aquilo que amamos dói muito às vezes, mas é necessário quando escolhemos viver a vida em sua plenitude e potencialidade. E é isso que eu escolhi fazer. Mas a saudade deixa tudo mais difícil. 

Aliás, 14 de dezembro é um dia parece que nunca chega. E talvez por ele estar aqui, "tão perto no calendário", que nos últimos dias esteja sendo cada vez mais difícil lidar com essa saudade.

Até breve (?)

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