Resolvi arrumar meu quarto, mas dessa vez fazer uma faxina de verdade, tipo aquelas que se faz próximo do natal.
Primeiro arrastei todos os móveis pensando em uma maneira de otimizar o espaço do meu quarto... Talvez se eu colocar a cama ali, o armário pra cá, a tv ali... Não, melhor deixar como está.
Comecei então a separar as roupas para doar e... Nossa, como não tem nada? Ah, já fiz isso no fim do ano passado... Então vou ver esses papéis todos... E como tinha papel!
Era tanto papel que eu não sabia realmente como tinha tanto papel em um cômodo tão pequeno. Depois de tirei DUAS caixas de documentos antigos e pus fogo nelas, comecei a ver os papéis menos importantes que por algum motivo eu guardei um dia... E lá de foram mais 4 sacolas de lixo! Quarto arrumado, olhei as coisas que estavam no meio disso tudo que acho que devem ser guardadas em um lugar especial, lugar onde eu guardo material físico de ótimas memórias!
Procurei minha caixa e fiz algo que há muito tempo não fazia... Comecei a ver tudo aqui que havia lá dentro...
Encontrei um postal de 1999 (sim, desde criança sou apegado a guardar coisas que me despertam sentimentos), quando minha mãe estava em uma viagem com meu pai e ainda assim 'perdeu seu tempo' escrevendo, do seu jeito, um postal dizendo que o lugar era lindo e que estava namorando meu pai na tal ponte do postal, sorri.
Logo depois, vi um cartão de 2001, da minha professora de catecismo, onde ela deseja que eu fosse sempre um menino feliz e que mantivesse Jesus vivo em minha vida, sorri. Revivi em minha memória juvenil alguns momentos que passei naquela sala de aula, nas missas de domingo, do dia da minha primeira comunhão... Sorri novamente.
Encontrei também uma carta de meu pai, de 2003, quando ele estava na Antártica, e como nunca deixou de fazer, me escreveu. Puxei na memória alguma viagem que ele tenha feito e não tenha me escrito e não lembrei de nenhuma. Reli essa carta umas 3 vezes, e me vieram lágrimas nos olhos, lágrimas de satisfação e orgulho. Orgulho por ter um pai que sempre se fez presente mesmo que a vida impusesse a distância, orgulho por saber que ele foi o melhor pai que eu poderia ter, mesmo que houvessem épocas que ele só se fazia presente fisicamente 3 ou 4 meses por ano mas estava presente constantemente em espírito e amor, orgulho por hoje perceber que ele foi um grande homem, que viveu toda uma vida de sacrifício e ausência em prol do bem estar de sua família, satisfação por esse cara ser meu pai. Sorri e respondi, como fazia quando era uma criança os ditos que ele fazia de "Papai te? Ama! Te a..? Dora! Não dá pros...? Outros! Não joga...? Fora! Papai sempre...? Salva! E pro...? Tege!". Coloquei essa carta de volta no envelope como se fosse um tesouro de grande valia, e realmente é.
Encontrei muitas cartas do meu primeiro amor, e algumas fotos também. Dediquei um tempo para recordar aquele tempo bom do amor da infância, da não tão infância assim, das mudanças, descobertas, dos excelentes momentos que vivemos juntos e sorri novamente. Sorri ainda mais que li a ultima carta que recebi que dizia que "esse sentimento estará sempre vivo em mim, e acho que em você também", e realmente está em mim, e sei que nela também. Sentimento renovado, acho que de gratidão mútua, mas está aqui.
Encontrei uma carta mais recente, que eu confesso que por algum motivo eu não lembrava que ela existia, mas que de certa forma me fez entender melhor algumas coisas e me fez feliz também... "Sempre lembrarei de você como meu primeiro amor, e fico feliz por ter tido a oportunidade de por um tempo ter a pessoa mais especial que conheço ao meu lado. Faz quase um ano que fiz a melhor viagem da minha vida, nunca me senti tão amada e importante para alguém... And I want to thank you for giving me the best day of my life."
Sorri, e vi essa história com outros olhos e me senti grato também por ter vivido essa história, ainda que o final não tenha sido da maneira que eu desejava, o começo e o meio são dignos de uma incrível história de.. amor!
Vi e revivi momentos do colégio, de anotações, desenhos, cartas e parecia que tudo estava muito vivo em minha memória, parecia que tudo aquilo tinha acontecido semana passada! Lembrei desses meus velhos amigos e bateu uma saudade! E dediquei outro tempo pensando nesses momentos também...
Encontrei coisas do ensino médio, das muitas coisas do ensino médio! Muitos desenhos, brincadeiras de duplo sentido e novamente sorri, e muito! Em alguns momentos cheguei a gargalhar!
Encontrei também objetos... Chaveiros, canetas, piranhas (literalmente)... E vi que tudo o que está ali dentro realmente tem grande valor para mim, que nunca poderei quantificar.
Relembrar minha história vendo tudo o que tenho dentro daquela caixa, me fez ver o quanto fui e sou feliz nessa vida, e felicidade meus amigos... essa realmente não tem preço!
Até breve (?)
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