As cortinas se abrem sem qualquer aviso prévio. Não há um anúncio para a entrada dele, na verdade, quase ninguém sabe direito sequer o nome dele. Nas propagandas o seu nome aparece bem pequeno, afinal, ele pode ser facilmente substituído. A plateia não está ali para vê-lo, muitas vezes, as pessoas nem prestam muita atenção no coadjuvante que está em cena bem ali frente deles. Pra alguns ele é apenas enrolação para a preparação da entrada do ator principal. Depois de tanto tempo, o coadjuvante aprende a sair de cena. Ele desenvolve uma técnica tão particular que entra sem alarde e sai sem ser percebido. Os mais desatentos nem percebem que ele esteve ali. Os mais atentos até se recordam às vezes do cara esforçado que passou um curto tempo bem ali à mercê deles. Mas de qualquer forma, o coadjuvante aprende a sair de cena, e já se acostumou a isso, ainda que algumas vezes ele sinta um pouco em deixar o palco, sim, deixar... É isso que ele faz, ele não se despede, ele somente se vai, e deixa tudo preparado para que o grande espetáculo, do qual todos estão esperando, finalmente comece.
Ele sai de cena e sabe que não haverão aplausos, que não terá uma nota no jornal no dia seguinte, que nas manchetes não terão fotos ou manchetes sobre ele. Ele aprende a conviver com isso, e por isso, se acostuma a ser coadjuvante em todos os espetáculos.
É, mais uma vez, saí de cena.
Que o espetáculo comece.
Até breve (?)
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