Pular para o conteúdo principal

Duas semanas. Um mês. Toda uma vida.

Hoje, sem motivo aparente algum, eu lembrei de você. 
Lembrei daquela paixão avassaladora de duas semanas, ou mais, nao lembro bem o tempo que durou, só lembro que foi avassaladora. E como que começa dessa forma termina dessa forma, conosco não foi diferente.
Lembro bem da primeira vez que te vi.
Sua calça vinho, sua blusa com pequenas flores, seus olhos negros e seus cabelos encaracolados que teimavam em cair nos seus olhos... Eu estava no telefone, sentado na minha mesa e te vi em pé na porta. Foram alguns segundos que fiquei ali te observando, que pareceram uma eternidade. Abri a porta. Você entrou com seu sorriso um pouco tímido e muito convidativo. Você me deu seu cartão, eu te dei o meu, e eu não lembro de ter torcido tanto para que pudesse ter uma desculpa pra te ligar e, quem sabe, ter coragem de te chamar para almoçar, porquê não? Mas antes que eu tomasse coragem de te ligar, você me ligou. E então marcamos para que eu pudesse conhecer os hotéis dos quais você representava. Bingo! Um dia inteiro com você seria a minha chance. Marcamos para a mesma semana e então eu contei os segundos para que pudéssemos nos ver logo. E então chegou o dia. Conversamos, almoçamos e eu continuava hipnotizado por aquela moça de grandes cabelos encaracolados. Mas por hora, foi apenas isso. Ainda não estávamos na era do whatsapp, ainda bem! Porque era muito mais gostoso receber sues SMS no meio do dia, apenas para dizer que "precisamos vender". E então, você me disse que estava por perto é que gostaria de poder almoçar comigo aquele dia. Nos encontramos. Almoçamos. Para minha surpresa você disse que naquele dia não tinha compromisso. Perguntei se não gostaria de fazer nada depois do expediente e você disse que poderíamos comer uma pipoca. Eu ri, porque realmente achei engraçado, e disse que estava combinado. Nos encontramos ali no mesmo local que nos despedimos mais cedo. Compramos a tal pipoca e fomos andando sem direção, e então sentamos ali no Parque do Flamengo, próximo ao MAM, ao fundo os aviões pousavam no aeroporto, os barcos ao longe na Marina, e então nos beijamos.
Dois dias depois, almoçamos de novo, compramos pipoca de novo, sentamos no mesmo lugar, e nos beijamos... 
Na semana seguinte teve o coquetel do seu trabalho, você perguntou de eu não gostaria de ir, eu aceitei e então esse era oficialmente nosso primeiro encontro.
No fim, te levei até seu portão, daquele pequeno e charmoso prédio em Botafogo, você disse que eu não poderia entrar porque dividia o AP com uma amiga e esse era o trato. Óbvio que entendi. Demos um tímido beijo de despedida e eu comecei a voltar pra casa. Antes de chegar na esquina recebi um SMS seu, pensei que fosse só pra agradecer pela noite e desejar um bom retorno, mas para minha feliz surpresa você falou para eu voltar, pra voltar o mais rápido que pudesse. Não lembro bem, mas acho que cheguei a correr. Quando cheguei, estava suado e você no portão, e me disse apenas "sobe".
Subimos os 8 andares em silêncio dentro do elevador, apenas nos olhávamos. Seus olhos hipnotizantemente lindos. Entramos ainda em silêncio e então... Lembro de ter ficado te olhando durante alguns minutos de madrugada. Dei uma leve ajeitada nos seus cabelos enquanto sua cabeça repousava em meu peito. Voltei a dormir. Acordei antes de você. Minha intenção era ir embora antes que você acordasse e deixar um bilhete do lado da sua cama, mas acho que isso só dá certo em filmes, porque assim que eu levantei você acordou e sorriu. Sorri de volta. Fui trabalhar. Não nos falamos mais naquele dia. Nem no dia seguinte. E então te chamei pra almoçar, mas você não podia. E mais tarde você me convidou para comer uma pipoca, sorri. Nos encontramos no lugar de sempre, e a hora passou ligeira. Foram mais dois ou três encontros, na hora do almoço sempre caminhávamos no Passeio Público, e no final do expediente lá no Parque do Flamengo... E naquele dia estava especialmente diferente. Seu beijo estava... Diferente. Sua mão estava mais boba que o habitual. Seu sorriso estava... Diferente. Você estava diferente.  E então você me falou do seu noivo. Eu sorri, não lembro de ter sentido raiva ou nada parecido. E enquanto você me contava toda a história, eu lembro de até ter compreendido a situação. Nos beijamos, e ficamos ali olhando para o nada, durante muito tempo. Nos despedimos como sempre fizemos, mas por alguma razão, eu sabia que aquela seria a ultima vez que nos veríamos, pelo menos daquela forma. Você foi e eu lembro de ficar te olhando se distanciar até virar a esquina. Pude ver você olhando para trás um pouco antes de virar e posso jurar que você sorriu. Pouco tempo depois mudei de empresa. E acho que você também.
Nunca mais te vi ou te procurei, não sei de você se casou ou se já teve filhos, afinal, já se foram 3 anos... Mas eu espero que esteja feliz.
Hoje lembrei de você. Espero que, um dia quem sabe, você também se lembre de mim. Daquele garoto da convivência de um mês, da paixão de duas semanas e de lembranças para uma vida inteira.

Até breve (?)

Enviado por iPhone.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

É dessas mulheres pra comer com dez talheres (♪)

Uma vez, quando eu era ainda mais moleque, uma certa pessoa me disse: "Rapaz, as mulheres não são todas iguais, como nada na vida é. Um Fusca e uma Ferrari, ambos são carros mas são muito diferentes um do outro. Com as mulheres é a mesma coisa, digamos que... Cada uma tem uma potência e um preço diferente, assim como os carros.". Desse dia em diante, eu passei a achar que mulheres são como carros. Ok, ok, entendi errado, mas deem-me um desconto, ainda era muito moleque quando me fizeram essa comparação. Cresci um pouco, achei que entendia mais da mulheres, e posso dizer que adquiri certa experiência com elas. Os homens tendem a se achar superiores as mulheres em um milhão de coisas, e buscam até embasamentos científicos para mostrar que elas são melhores apenas em tudo que está relacionado a cuidar do lar, dos filhos e do macho. Pobre desses homens. Mais pobre ainda as mulheres que ficam com esses homens. Mas enfim, com essa experiência que adquiri com mulheres, pude apren

“ – Porque nunca fica ninguém?

– Talvez seja por causa do seu coração aberto. – Como assim? – Ué, você não vê que as pessoas temem pessoas que amam demais? – Verdade, toda vez que enxergam meu coração eles temem, eles correm, as pessoas se assustam porque meu coração está sempre disposto a amar muito. – As pessoas temem ser amadas, elas temem o amor alheio, porque se acostumaram a amar pouco, e quem ama muito é chamado de louco. – E o que eu devo fazer, fingir que amo pouco? – Não, gritar que amam muito e esperar que o grito atinja outro coração disposto a amar em dobro. [Gustavo Pozzatti]       "Porque nunca fica ninguém?" Essa era uma pergunta que eu vinha me fazendo há um tempo, e ficava sempre na dúvida entre se era porque eu sou confuso de mais ou pareço leviano em excesso. Existe algo que faz com que as pessoas que conheço e me relaciono desenvolvam um afeto grande por mim bem rápido, e depois de um tempo, elas se vão, normalmente quando começo a abrir meu coração. Mesmo

Arrepiado, deixa o farol ligado, o vidro tá embaçado... (♪)

Tá bem frio hoje mesmo... Pois é, vamos dar uma volta? Ah, tô com preguiça... A gente sai só pra comer alguna coisa. Tô longe hoje. Eu te pego. Pega?!?? Tô brincando... Tá brincando? Que pena. Mas sério, te busco em algun lugar. Pode ser então. Onde vamos? Não sei... O Rio no frio me deixa sem ideias. Tá com fome? Não. Cerveja? Não... Hnm... Vamos então encostar o carro e ver a lagoa? Pode ser! Já parou aqui antes? Não... Lindo né? Uhum. Que bom que finalmente aceitou meu convite... Você nunca convidou... Você sempre fugia antes que eu chamasse. É... Olha pra mim... Fala. Me beija. "Dentro do carro, O cinto já tá de lado, O rádio tá ligado, Aumenta o ar condiconado..." Eu gosto dessa música. Eu também. Bem sugestiva. Verdade. Eu acho q... CALA A BOCA! "Arrepiado, Deixa o farol ligado, O vidro embaçado, O banco ta encostado." Pera, tá muito calor. Você não estava reclamando do frio? Mas agora tô suando. Tira a camisa... Não, as pessoas lá fora podem ver. Com esses vi