A primeira noite é bastante estranha. A sensação é bem parecida com aquela de quando éramos crianças e nossos pais nos deixavam sozinhos em casa de noite... Apenas deitamos e olhamos pro nada, não dormimos mas também não estamos acordados. Estamos apenas ali.
A noite é estranha, mas o dia seguinte é a pior ainda! Acordar cedo não é mais tão legal quanto ontem. Pôr os pés para fora da cama requer um esforço impressionante. A cabeça fica pesada e a sensação é que estamos com ressaca de um porre homérico! E ai precisamos olharmo-nos no espelho e olhar em nossos próprios olhos, essa parte também não é fácil, mas logo nos acostumamos. Fazemos tudo no "piloto automático". Estamos de ressaca e levemente anestesiados, então tomamos banho, escovamos os dentes, colocamos uma roupa e comemos uma fruta, tudo sem pensar muito. Quando caímos em si, percebemos que nem fazemos mais questão de olhar o celular como no dia anterior. Não precisamos chamar a atenção de ninguém. Na verdade, queremos passar o mais despercebidos possível. Chegamos no trabalho e começamos a ver que começamos a ser exatamente a mesma pessoa que éramos antes. O celular e tudo o que tem nele deixa de ter importância. Não esperamos ou anseamos por nenhuma mensagem ou ligação. O dia termina e a melhor coisa que temos a fazer é dormir. Nada nesse momento pode nos dar mais satisfação que o conforto e a confidencia do nosso quarto. A noite ainda é a parte mais difícil. E então pode ser que pensemos sobre tudo o que poderia ser, tudo o que planejamos e então rimos da situação. Nós voltamos a rir de nós mesmos, da situação na qual nos permitimos chegar, na expectativa que depositamos em outra pessoa quando na verdade a única pessoa na qual devemos depositar nossas expectativas seria em nós mesmos. E ai você pensa em tudo o que vocês não foram e não mais serão. E isso facilita as coisas. Não ter tido tempo de ter uma história ajuda. Não ter nenhuma foto também, nos poupa o trabalho de evitar olhar. E aos poucos percebemos que vamos voltando a ser a pessoa que éramos antes. Se isso é bom eu não sei, mas de fato, não é de todo ruim.
E então decidimos que esse é o últimos texto que escrevemos a respeito de toda essa história... Não com o final que vislumbramos, mas com o final que merecemos.
É... As coisas mudam o tempo todo, mais rápido do que eu pensava.
Até breve (?)
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