Aos poucos as coisas vão sumindo.
Devagar a gente vai percebendo que as lembranças vão ficando mais raras, que a falta vai ficando menos sentida, que os pensamentos já não são exclusivos...
Acordar já não vem acompanhado da ansiedade de ver as mensagens no telefone, e essa ansiedade também não aparece durante o dia porque não olhamos pra tela do celular de 5 em 5 minutos esperando por algum sinal... Não sentimos mais aquela vontade de contar as coisas que nos acontecem, sejam elas pequenas ou grandes. Já não consideramos mais contar como foi nosso dia e também já não faz mais parte da nossa rotina querer saber como andou o dia, o que tem feito, o que fez, quais são os planos pros próximos dias...
Por falar em rotina, nos acostumamos novamente com a nossa nova rotina aos poucos. Os planos para o fim de semana já são feitos pensando somente em nós. E nos acostumamos também a dormir na cama grande sozinhos... Sem perceber, tiramos do armário os travesseiros que foram guardados, o urso que havíamos aposentado, os livros e cadernos voltam a ocupar o espaço que ali ficou vazio, e quando nos damos conta, as coisas vão voltando a ser como eram antes.
Dia após dia, vamos nos acostumando a querer ser alguém melhor somente por nós mesmos. Nos vemos obrigados a evoluir para nos agradar, buscamos automotivação porque nos acostumamos a não esperar mais que isso venha de outro alguém.
Vez ou outra durante o dia ainda nos vem algumas coisas dos tempos de outrora em nossa cabeça, mas quando analisamos isso, percebemos que a frequência dessas lembranças vem sendo cada vez menores também. E quanto menos nossos amigos perguntam, mais raras são essas lembranças também.
Antes de dormir costuma ser o momento mais complicado, mas até esse aos poucos vai ficando mais fácil, menos dolorido...
Vamos ocupando nossa mente, tentando se concentrar em outras atividades, e descobrimos que arrumar a casa e praticar o desapego com as coisas materiais são um ótimo exercício para desapegar das coisas imateriais também.
Aprendemos também que relembrar velhos casos e amores é uma terapia e tanto! Lembrar tudo o que foi e que tudo aquilo passou, nos faz perceber que isso também vai passar, e que tem que ser assim mesmo, dia a dia, pouco a pouco... Saber que sobrevivemos das outras vezes nos torna mais confiantes de que dessa vez não será diferente.
E como tudo acontece na hora certa, aparece alguém que nos ajuda a ir passando por isso, alguém que manda mensagem de bom dia e boa noite, alguém que tenta se fazer presente mesmo que, inconscientemente, tentemos afastar, alguém que nos ajuda a levantar a autoestima, alguém que diz que "o passado já foi vivido e deve ficar lá no passado. Agora é hora de viver o presente.", e que com isso nos abre um milhão de possibilidades, e que mesmo sem nenhuma expectativa, começamos a considerar outras alternativas.
E nos lembra também, que tudo o que sentimos agora, antes também havia começado sem nenhuma expectativa.
Porquê não?
E assim as coisas vão seguindo, cada vez mais acostumados e menos esperados.
Até breve (?)
Comentários
Postar um comentário