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Quanto ao pano dos confetes, já passou meu carnaval (♪)


Aquele garoto não me engana não!
Ele pode conseguir enganar muita gente, mas não a mim!
Esse sorriso que continua aparecendo, mas eu sei que não é o mesmo, os olhos não brilham como antes. Ele não fala mas eu sei que ele sente, eu sei que sente...
E meio que sem querer, ele ouve o tal "chão de giz", que lhe cai como uma luva...

"Eu desço desta solidão e espalho coisas sobre um chão de giz..."
Não raro, quando ele estava só, costumava ficar por aí procurando um lugar que pudesse se deitar no chão pra tentar reviver todas aquelas lembranças... E da última vez, depois de chegar quase à exaustão de tanto correr, ele se jogou no chão e gritou até a garganta falhar... Mas apesar de sentir tanta coisa, ele sabia que o chão era de giz, tão fugaz quanto aquele relacionamento...

"Há meros devaneios tolos, a me torturar..."
Porque ele acreditou e acreditava muito que tudo seria diferente, que iria existir algo além de ser o amante para realizar as fantasias, quando e como desse...

"Fotografias recortadas de jornais de folhas amiúdes..."
Ele via repetidamente as poucas fotos que tinham juntos, e imaginava as outras tantas que não tiraram juntos porque... Ora! Porquê não podiam!

"Eu vou te jogar num pano de guardar confetes!"
E não foi difícil se livrar de tudo aquilo que tinham juntos, porque materialmente, por sorte, não havia muita coisa... Tudo estava na cabeça (e no coração). Mas o ato simbólico de "arrumar as coisas" foram necessários e importantes.

"Disparo balas de canhão, é inútil, pois existe um grão-vizir..."
 E ele tentou! Tentou de tudo, suportou muito, esperou muito... Mas, no fundo, ele e todos que estavam à volta sabiam que existia algo muito maior e mais importante que ele, e que, logicamente, as coisas não mudariam, nem ontem, nem hoje, nem amanhã...

"Há tantas violetas velhas sem um
Colibri..."
Ele estava ali, admirando feito um colibri... E mesmo apesar de tudo, ele queria ser esse colobri à admirar sempre... Mas ele não queria que com o passar do tempo, ele se diminuísse a ponto de virar uma violeta velha sem ninguém para admirá-lo também, pois isso é o que mais se vê por aí, e infelizmente, a história estava tendendo a ter esse fim...

"Queria usar, quem sabe, uma camisa de força ou de vênus."
Porque essa dualidade estava presente o tempo todo, ele sabia que era loucura, mas o sentimento ia além do emocional, também era carnal, era de noites suadas, mal dormidas e prazeirosas... 

"Mas não vou gozar de nós apenas um cigarro..."
E ele queria que fosse além disso, queria não apenas (pelo menos não mais) ser a opção pra uma noite de prazer, de tesão... Não queria que tudo se resumisse a um cigarro, mas que fosse também o café da manhã e o jantar de domingo.

"Nem vou lhe beijar, gastando assim o meu batom!"
Se não vai existir um amanhã, um plano pra uma vida a dois... Porque continuar a gastar o tempo, o silêncio, os segredos, o batom?

"Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez."
Porque depois de tanto tentar, insistir, e apanhar... E insistir mais e apanhar mais, ele junta tudo aquilo que sentia, leva embora consigo e segue apagado, tentando se recuperar do tanto que sofreu...

"Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar..."
Ele sabia, e todos sabiam, que por ele tudo seria diferente. Que tudo sempre dependeu da vontade das outras pessoas... Que ao invés de lhe dar asas estava começando a lhe dar correntes...

"Meus vinte anos de boy, that's over... Freud explica!"
Apesar da pouca idade, e de antes disso ele ser um garoto completamente vivido e experimentado diversas outras bocas e sexos, ele quis (e acabou) com isso. Não sentia necessidade e não queria mais outras sexos ou bocas... Complexo de mais para explicar e mais ainda pra entender...

"Não vou me sujar fumando apenas um cigarro."
E depois de tudo ir clareando na cabeça dele, que sentido faz voltar pra fumar apenas um cigarro? Se não vai ter o café da manhã e o jantar, porque insistir em acreditar que alguma hora passarão de noites de prazer quando der?

"Quanto ao pano dos confetes já passou meu carnaval..."
E tudo aquilo que ele guardou de vocês, já perdeu a graça, não há mais festa pra se fazer com tantas lembranças e coisas que foram vividas pela metade...

"E isso explica porque o sexo é assunto popular!"
Porque no fim das contas, parece que é isso que fica... Porque acaba sendo o que as pessoas mais valorizam, e então, ele acaba sendo tudo o resta, e tudo o que marca.

"No mais, estou indo embora..."
Porque é assim... A vida tem que seguir, e é preciso partir.
E assim aquele garoto se foi.

Obrigado Zé Ramalho, por fazer da tua história tão minha.

E de novo, eu fico aqui, esperando pela próxima história e por qual papel eu vou assumir dessa vez.

Até breve (?)

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