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Sobre Iraque e Dubai

Quando você se propõe a se jogar no mundo sem um roteiro muito certo ou datas definidas, você precisa estar pre-disposto a viver coisas incríveis mas também a passar por alguns perrengues e experiências que você nunca imaginou que iria passar antes. E o post hoje é sobre exatamente isso.
As pessoas vivem dizendo que devemos aproveitar as oportunidades da vida, e então uma caiu bem no meu colo: uma viagem para Iraque e Dubai, com absolutamente tudo. Sim, para os brasileiros isso não é muito bem visto, afinal, quem dá uma coisa desse tipo sem querer nada em troca, não é mesmo? Pois pasmem, sim, existe, pessoas que querem apenas compartilhar momentos (e obviamente, existem pessoas muito ricas que também são bem intencionadas).
Aceitei a proposta, pois conhecer Iraque e Dubai nunca esteve em meus planos, mas devemos aproveitar as oportunidades, não é? Confesso que aceitei mas até o dia da viagem eu ainda estava completamente inseguro e receoso, tanto que, no dia anterior à viagem eu fiquei de cama com febre, aliás, essa é outra coisa que eu descobri com essa viagem: meu psicológico tem uma influência gigantesca no meu corpo, pois eu sempre fico com febre e dor no corpo nos dias que antecedem à "grandes acontecimentos".
No dia seguinte acordei bem e fui pro aeroporto. As nove horas de voo entre Cape Town e Dubai passaram muito rápido, e quando dei por mim, estava pela primeira vez pisando na Ásia. Os trâmites para entrada no país foram bem tranquilos, e a sinalização do aeroporto é bem simples e lógica. Dubai é uma cidade em que realmente tudo acontece. Você encontra gente de todo tipo, de todos os estilos. É super comum você cruzar com alguém vestindo burca e no segundo seguinte cruzar com um fashionista com roupa futurista. Mas para mim, o diferencial da cidade acaba aí. A impressão que eu tive é que tudo é artificial de mais, montadinho de mais, fake de mais! A cidade não tem identidade! É um pouco americana, um pouco européia, um pouco tecnológica... Mas de tão "poucos" a cidade vira um monte de "nada". Eles tem um comportamento megalomaníaco e se orgulham de ter "o maior", como por exemplo: a maior fonte de água, o maior shopping, o maior prédio, e por aí vai... Mas para mim, isso é pouco. A cidade não tem história, e por isso, não me encantou.
E então, chegamos no Iraque. E antes de começar minha explanação a respeito disso, é importante deixar claro que eu respeito todas as religiões e tento compreender ao máximo os motivos e crenças para tal, mas isso não significa que eu concorde. Estamos entendidos?
Pois bem, a área de desembarque do aeroporto de Bagdá é bastante confusa e o processo para a liberação do visto de entrada é bastante demorada. Ninguém tem muita paciência para te explicar o que está acontecendo. Fiquei na sala de espero mais de uma hora e em algum momento comecei a ficar receoso porque sumiram com meu passaporte durante esse tempo.
Depois desse tempo na sala de espera, eles retornaram com meu passaporte e eu não precisei passar por mais nenhum outro lugar. Para sair do aeroporto eu tive que pegar um taxi que leva apenas até o final da via do aeroporto, de lá, foi necessário trocar de carro e pegar um carro que circula pela cidade. Até agora eu não entendo o motivo disso também. O Iraque, diferente do que muita gente pensa, não é completamente destruído pela guerra, mas é um país bastante antigo, então existem construções centenárias que estão abandonadas, e muitas vezes causa a impressão de que foram destruídas pela guerra, mas não foram. O que não significa que seja bom, claro.
Quando se viaja de carro entre as cidades, é muito comum cruzar por várias barreiras policiais fortemente armadas (e intimidadoras), mas para quem vive em uma cidade como o Rio de Janeiro, estamos habituados. Mas pessoas que vivem em cidades como Berlin e Sydney, isso é um pouco assustador. Mas sim, passamos por uma cidade completamente destruída pela guerra, e acho que poucas vezes na vida me senti tão mal na vida. É uma sensação bem estranha ver todas aquelas casas destruídas e tantos escombros pelo chão. Pensei em quantas vidas acabaram ali, quantas famílias foram despedaçadas... Passei todo o dia bem reflexivo. E então, chegamos a parte da religião... Fui para uma região predominantemente Xiita e no período do Ramadã. Foi bastante pesado para mim ver pessoas se automultilando na rua e em mesquitas. Alguns apenas dão socos (principalmente no peito) de forma ritmada, outros usam um objeto parecido com um chicote, e batem nas próprias costas com isso. Mas, o mais assustador pra mim foi o ritual de matar o camelo. A explicação para isso é que eles matam o camelo para poder oferecer como comida aos pobres. Ok, eu não sou vegetariano e sei que muitos animais são abatidos por conta disso, mas a forma como fazem isso nesse ritual soa cruel para mim. 
Imaginem a seguinte cena: você está saindo do seu hotel e ouve um barulho muito alto. Então você uma pequena aglomeração e o barulho vem de lá. O barulho é como se fosse de uma criança gritando. Enquanto isso outras pessoas comemoram, como num campeonato. Ao se aproximar, você vê pessoas batendo no camelo, tentando derrubá-lo no chão. O camelo grita desesperadamente. Enquanto uns batem no camelo, os outros gritam, comemoram e gravam a cena. Quando o camelo está no chão, eles enfiam uma espécie de faca no pescoço do animal e o sangue começa a jorrar. E eles espalham esse sangue na rua. Mais uma vez repito, não sei exatamente porque fazem isso ou o significado para a religião mas, para mim, é pesado de mais.
Bom, foram 5 dias no Iraque. Dias que pareceram que demorar séculos para passar. Achei que a pior tinha passado até a hora de chegar no aeroporto novamente para embarcar. É um caos! Novamente você precisa pegar os carros "autorizados" para entrar. Mesmo assim, o carro foi parado três vezes (num espaço de 1,5km talvez) para revista humana e com cachorros.
Chegando no aeroporto, você precisa colocar sua bagagem no chão e, novamente, eles colocam cachorros para verificarem sua bagagem. Antes de entrar no aeroporto em si, um agente da segurança checa seu passaporte e seu bilhete de embarque, e então sua bagagem e você passam pelo raio-x. Você entra no aeroporto, e novamente sua bagagem passa pelo raio-x e você por detector de metais. E então após passar pelo balcão da cia aérea, você precisa novamente passar pelo detector e sua bagagem novamente pelo raio-x. Quando você acha que acabou, o processo se repete novamente antes de você entrar na aeronave e... No corredor de acesso da aeronave tem um agente da segurança que checa seu passaporte NOVAMENTE.
Sei que o Iraque e Dubai tem alguns atrativos turísticos e lugares interessantes para visitar, mas, pela primeira vez na vida, eu posso dizer que tive uma experiência de viagem que eu não repetiria. Em nenhuma hipótese.

Até breve )

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