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A saudade não nos trará de volta.


Os dias cinzas e melancólicos tem um quê de reflexivos.
Costumam ser nesses dias que nossas ideias clareiam, que refletimos sobre o que estávamos fazendo e, as vezes, chegamos até o fundo do poço.

O fundo do poço, por mais escuro, frio e sufocante que possa parecer, também nos mostra muitas coisas. Ele nos faz perceber que aquele alguém que amamos e não quer nada conosco, definitivamente não é o alguém da nossa vida.
Ele nos mostra que quando alguém realmente nos quer assumir, quando realmente nos admira e tem interesses que não são apenas sexuais (ou sejam eles quais forem), as primeiras pessoas a quem esse alguém faz questão de te apresentar são a sua família e seus amigos mais próximos.
Ele nos mostra que quando alguém nos convida para viver uma relação distante da família, longe dos principais amigos e fora do alcance de tudo aquilo que faça parte da sua vida íntima e social, podemos ter a certeza de uma coisa: essa pessoa não tem planos de futuro conosco.
Porque quando alguém sente orgulho ou pelo menos admira uma pessoa, esse alguém faz questão de dizer para todo o mundo que está com uma pessoa fantástica ao seu lado.
Porque quando alguém realmente se importa conosco, ela nunca consegue olhar para o outro lado e fingir que não nos conhece ou não nos viu. Quem quer algo conosco se importa a todo momento, e não somente nos momentos de solidão.

O fundo do poço nos faz questionar se aquela pessoa mereceu o que sentimos por ela.
Faz com que fiquemos nos perguntando até que ponto nos fez bem ficar pensando no quanto gostaríamos de fazer bem aquele alguém... É que existem pessoas que simplesmente não merecem o que nós sentimos por elas. E é nos dias cinzas que convencemos nosso coração disso.
Onde antes uma parte de nós os desejava de um jeito estranho e fazíamos planos para os dois sem ao menos que o outro soubesse, a outra parte pensava se valia a pena tentar ser para o outro exatamente do jeito que gostaríamos que fossem para nós.
Será que mereciam o que sentíamos? Será que esse era mesmo o jeito deles de ser ou será que esse era o jeito deles de ser apenas conosco? Será que guardavam um espaço para nós na vida deles como guardávamos para eles na nossa?
Não, não estávamos a procura de alguém perfeito, a questão é que esperamos (e temos o direito de) o mínimo de quem tanto dedicamos o nosso máximo, só que com eles não tivemos certeza de nada disso. Eles não nos davam a segurança sequer de um fim de semana.
Porque merecemos muito mais do que alguém que só nos procura quando quer ou pode. Merecemos muito mais do que alguém que é bem mais ausente do que presente. Merecemos alguém que acredite em nós, que nos dê forças quando precisamos e que esteja presente para nos levantar nas quedas. Merecemos alguém que queira ir conosco, independentemente do que aconteça, mesmo sem ter certeza de qual caminho iremos seguir. Merecemos alguém que não fuja de nós, que não consiga olhar para o lado e fingir que não nos viu em qualquer situação que seja, que não desvie o caminho para não cruzar conosco. Se alguém foge de nós, é porque esse alguém nunca quis ficar. Merecemos alguém que apareça para nos ver só porque sentiu saudade, e não alguém que diz sentir falta mas nunca aparece para nos ver.
Merecemos muito mais! O nosso coração é imenso, a nossa alma é intensa, a nossa entrega é inteira, e não merecemos nada nem ninguém que seja menos do que isso. Temos muito caminho para seguir ainda, sigamos em frente, mesmo que sozinhos. Sigamos em frente e desfilemos nossa solidão por aí com um sorriso no rosto, porque um dia vai aparecer alguém que vai nos provar que merece toda nossa dedicação sincera. 

Merecemos mais!
E as vezes precisamos agradecer por nos terem desiludido.
Por nos terem decepcionado tantas e tantas vezes, nos terem deixado sozinhos nos momentos em que precisávamos e agido como se nada tivesse acontecido.
Por nos dar a chance de afastarmos sem futuros arrependimentos. 
Porque nós nos esforçamos mais do que podíamos, tentamos mais vezes do que as que é possível contabilizar, nos dedicamos com uma intensidade gigantesca, tentamos mais uma vez e outra... Esperávamos insistentemente que reconhecessem que queríamos muito, que nos esforçávamos e que todo esse esforço tinha valor. Nós esperamos uma mensagem carinhosa, uma ligação, a valorização... Que nunca chegou.
Por nos ter dado a oportunidade de ver em seus olhos a mentira de todas as histórias. Por terem confirmado que, mesmo que nós tivéssemos dito que valia a pena estar ao lado, estávamos errados em pensar que essa história valia a pena.
Acontece que demos todos os sinais e mostramos diversas vezes que o amor não basta. Nós quisemos avisar que a nossa morada em seus braços podia não durar para sempre se eles não souberem abraçarmos de volta. Tinham todos os motivos para nos ouvirem e entenderem, mas preferiram agarrar-se a ideia de que já estávamos apegados de mais a eles para irmos embora.
Nós nos desiludimos, nos decepcionamos, e olha... Dói!
Alguma vez já sentiram na alma a dor de uma decepção? Dói tanto que dá vontade de esfregar, arrancar, apagar o que o outro fez, como se, num toque de mágica, fosse possível simplesmente esquecer o que aconteceu. Mas a realidade não é assim, e a decepção fica ali, a sugar todas as nossas forças, a nos fazer contorcer na cama como se houvéssemos levado um soco na boca do estômago, e é precisamente o momento em que ocorre a transição e nos tornamos um ser humano maior, mais forte e mais completo.
E foi exatamente isso que ocorreu.
Com a decepção aprendemos que sempre existe um caminho para seguir em frente, e não há motivo nenhum para ter medo de percorrê-lo nem razão alguma para pensar em voltar atrás.
No momento em que nos vemos sozinhos, não nos sobra outra opção a não ser olhar para nós mesmos, e acabamos percebendo que de fato não éramos suficientes... Somos mais do que alguma vez pensamos, aliás, muito mais do que eles mereciam.
A melhor parte de nos decepcionar muito com alguém, é que nós descobrimos que a felicidade não está naquilo que os outros nos oferecem, ela mora dentro de nós!

Nessas horas, umas das coisas que nos vem à cabeça é: "Parabéns, você conseguiu estragar tudo!".
Porque vocês se conheceram num momento da vida em que as coisas estavam meio conturbadas. Se encontraram numa dessas noites em que a gente não espera nada, dessas noites que a gente sai de casa sem a intenção de ser ou parecer nada.
Foi o início de dias e noites que passaram tão rápido que nem notamos quando começamos a gostar um pouquinho mais que o aceitável.
Nós nunca pedimos nada. Não esperamos nada e nem queríamos romance. Não pedimos em namoro, nem em casamento. Não precisávamos de aliança nem de fotos fofas ou mudança de status. Só queríamos ter por perto sem precisar de um motivo, sem precisar implorar pela presença, sem precisar de dias agendados ou da influência de terceiros. Nunca esperamos nada além daquilo que podiam oferecer.
Sempre estávamos lá para eles, com um sorriso sincero, uma palavra amiga, uma piada na ponta da língua para tornar o dia mais feliz. Dispostos a ouvir os problemas com um conselho pronto para fazer sentir melhor ou pelo menos refletir. Nós nunca nos cansávamos deles. Mas eles mesmo assim perderam a chance.
A chance de viver bons momentos, a chance de dar boas risadas, a chance de ter um amigo e companheiro.
Nunca pedimos para que ficarem para sempre, nem sequer pedimos para que ficarem! Nunca pedimos nada e eles também não fizeram questão de ser mais do que um alguém que encontramos numa noite e nunca mais ouvimos falar.

Mas eles não tem ideia da pessoa que acabaram deixando ir embora!
Porque não somos dessas pessoas que se encontra em qualquer esquina. Somos diferentes das demais. E não é pela roupa, corte de cabelo ou qualquer outra coisa desse tipo. Somos únicos. Conhecemos a eles como ninguém e, ainda assim, os aceitamos exatamente como eram. Aprendemos a lidar com os seus defeitos, ajudamos a resolver alguns dos seus problemas e ainda conquistamos todos os seus sorrisos.
Fomos o maior presente e chegamos quando eles menos esperavam, sem nenhuma data comemorativa ou aviso prévio. O embrulho parecia simetricamente perfeito, mal eles sabiam que o conteúdo era ainda melhor do que a embalagem. Se nos julgaram pela capa, certamente ficaram interessados, mas ao nos conhecerem desejaram que a história nunca tivesse um ponto final na última folha. A cada dia, encontravam em nós uma razão para compartilhar todos os objetivos. Talvez fosse o jeito como os olhávamos, ou o beijo que eles tanto gostavam... E talvez nem tenham percebido isso até agora.
Mas se repararem em tudo que viveram, perceberão que eram felizes juntos.
E era simples... Só precisavam nos ter acompanhado e não nos deixados tantas vezes sozinhos.

Nós sempre nos importamos com eles, cuidávamos deles quando não estavam bem, procurávamos os agradar nos pequenos detalhes, nos importávamos  com o seu bem-estar a todo minuto.
Nós não éramos daqueles que olhávamos apenas para o próprio umbigo. Tínhamos um coração singular, não medíamos esforços, não tínhamos horários ou limitações.
Éramos aquele sonho relaxante depois de um dia cansativo. Éramos onde eles encontravam a paz.

Eles sabem que erraram, e se nos conhecem bem, sabem que não voltaremos atrás em nossa decisão.
Nos perderam. Depois de tantas oportunidades, compreensões e novas chances, nos esgotaram. Nós nos fomos e não mais sofreremos com essa situação. Somos maduros o suficiente para nos reerguermos dessa desilusão. No escuro de nosso quarto poremos até chorar, mas na frente das outras pessoas, nosso sorriso continuará sendo o mais contagiante. Possuímos um brilho especial, sabemos o valor que temos e tudo o que fomos para eles. Somos teimosos, não descartamos a felicidade em hipótese nenhuma. Cansamos de lhes dar todo o tempo que nos pediram enquanto nos dispensavam em todas as oportunidades.
Nós não desistimos de amar, apenas precisamos de um tempo para nós mesmos. Amanhecemos cada dia mais esperançosos, continuamos a acreditar nas pessoas e nos que elas dizem, mesmo que já tenhamos quebrado a cara muitas vezes, continuamos dispostos a arriscar. Não temos medo de tentar, de vez em quando aprontamos e é o nosso fígado que paga a conta, mas continuamos seguindo em frente porque sabemos que atrás sempre vem gente.
Somos nós que vamos permanecer nas frustrações amorosas deles. Nos deixaram escorrer por entre os dedos. Poderiam ter sido tudo para nós, mas preferiram ser só mais um relacionamento que não chegou a lugar nenhum. Não aceitamos migalhas, não temos mais mais paciência pra gente que não sabe o que quer. O problema não somos nós, são eles! Enquanto não souberem onde querem chegar, qualquer caminho será válido. É aí que eles perdem, novamente. Uma pessoa inteira não merece outra pela metade. Nós fomos uma chance boa, daquelas que a vida não oferece duas vezes.
E se nos permitem dizer, não há nada pior que não saber se o sentimento de outra pessoa era realmente verdadeiro. E é nesse momento que tudo fica estranho.
Acabou. Não porque nós quisemos, mas porque eles não fizeram questão de fazer por onde.
Eles nunca saberão como é horrível saber que demos tudo para uma pessoa que não deu sequer a metade, que nem lutou. E nessas horas nós passamos a colocar todos os momentos em dúvida. A colocar eles em dúvida.
Que amor tinham eles por nós?
Que valor eles dão à palavra "amor"?
Provavelmente neste pouco tempo já devem até ter dito a outra pessoa.
Mas, devemos pensar também que não foi um desperdício. Foi só mais uma passagem e, como tudo na vida, teve um fim. E não, não há arrependimento. Apenas um vazio. Que temos certeza que será preenchido e que teremos reconhecimento dessa vez.
Esperamos que estejam felizes.
Os queremos bem, esperamos que estejam com a pessoa certa já que não fomos para eles apesar de ter dado nosso melhor.
Os amamos, no verdadeiro sentido da palavra, esperamos que um dia saibam do que falamos.


Na próxima vez em que alguém lhes pedir uma estrela, por favor, façam completamente diferente e ofereçam o céu inteiro.

A saudade não nos trará de volta.

Acho que agora as palavras se esgotaram.

Até breve (?)

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